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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ladrões de senhas bancárias são três vezes mais comuns no Brasil .

Dados foram contabilizados pela fabricante de antivírus McAfee.
Brasil usa códigos maliciosos próprios e diferentes dos internacionais.

O analista de vírus da McAfee Guilherme Vênere estava curioso a respeito da presença de vírus capazes de roubar senhas bancárias no Brasil. Vênere realizou um levantamento com base em dados coletados pela empresa e descobriu que ladrões de senhas bancárias são 3,6 vezes mais comuns no Brasil do que em outras partes do mundo. E ainda: as pragas mais comuns internacionalmente praticamente não existem no Brasil.
Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação (antivírus, invasões, cibercrime, roubo de dados, etc), vá até o fim da reportagem e utilize a seção de comentários. A coluna responde perguntas deixadas por leitores todas as quartas-feiras.

O analista de vírus Guilherme Vênere,
da McAfee (Foto: Divulgação)
Os dados foram coletados entre janeiro e maio de 2011 e refletem apenas o que é detectado pelas ferramentas empresariais da McAfee.
Segundo o pesquisador, a intenção é verificar se vírus comuns internacionalmente como o SpyEye e o Zeus serão mais usados no Brasil após a publicação do código fonte desses vírus, o que ocorreu ao longo do ano. Para ter a base de comparação, Vênere levantou os dados e percebeu que o Brasil tem três vezes mais códigos maliciosos que roubam senhas de banco do que a média mundial.
A pesquisa envolveu dados de 2,1 milhões de computadores infectados no Brasil e 47 milhões no mundo todo. Os dados mostram que o Brasil pode ter 4,5% de todos os computadores infectados. Nas infecções que roubam senhas de banco, apenas 1% delas têm essa característica no mundo. No Brasil, são 3,6%.
O pesquisador brasileiro, que mora no Chile, afirma que os bancos brasileiros têm boas soluções de segurança, bem melhores que a de outros países da América Latina. No entanto, o uso da internet no Brasil cresceu muito e os usuários novos desconhecem os riscos.
“São usuários novos sem muito conhecimento sobre segurança. Então os criadores de vírus se aproveitam disso. Eles sabem que tem muita gente começando a usar o computador agora, que está usando internet banking e que não conhecem muito bem esse problema de segurança”, explica o analista.
Os dados mostram que o número de infecções no Brasil está crescendo junto com a chegada novos internautas. “O Brasil está sempre aparecendo na lista como um dos países com maiores problemas de infeções por vírus. Isso é preocupante”, afirma Vênere.

Produção nacional :
Os vírus usados no Brasil são produzidos para serem usados exclusivamente contra brasileiros. No mundo, as pragas Zeus, SpyEye e Pinkslipbot são a maioria dos vírus capazes de roubar senhas de banco. No Brasil, esses vírus são apenas 1% das infecções com essa função.
“As [infecções] prevalentes no Brasil não aparecem no resto do mundo. E o SpyEye, que aparece bastante na Europa e no Canadá, quase não existe no Brasil”, conta Vênere.
Mesmo entre os computadores que estavam infectados com alguns desses vírus “estrangeiros”, nenhum é capaz de roubar bancos nacionais. Segundo Vênere, o que acontece nesses casos é um vírus feito para atacar internautas de outros países que, por algum motivo, acabou atacando um brasileiro.
O pesquisador da McAfee quer realizar o estudo novamente dentro de alguns meses. A ideia é verificar se o vazamento do código fonte do SpyEye e do Zeus fará com que brasileiros passem a adaptar esses vírus para serem usados contra bancos brasileiros.

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